Se insisto na conhecida analogia entre casa e mente é porque não encontrei até hoje outra melhor. E, partindo dessa imagem, podemos imaginar nossa casa como um território que nos pertence, onde temos autonomia e nos sentimos soberanos. Mas não é bem assim. Aquele lar que conhecemos, os cômodos que frequentamos, a mente que identificamos como sendo nossa personalidade, de onde saem os pensamentos que planejamos, nossa voz interna, é somente uma parte da casa.
É como se houvesse outra casa, muito maior, embaixo daquela em que vivemos. Nossa consciência, um dia descobrimos, é apenas a menor parte da mente. Há a consciência, aquilo que acreditamos ser a totalidade de quem somos, e há o lado oculto, a casa de baixo, o inconsciente.
Toda essa mansão invisível faz parte de nós, mas não a controlamos. Na verdade, insistimos em trancar as portas que dão acesso a esse outro lar. E fechamos nossos olhos para tudo aquilo que abandonamos como se o inconsciente fosse apenas um gigantesco porão. Mas um dia, um dia qualquer, você se encontra muito tranquilo, despreocupado, deitado em seu confortável sofá, e ouve um barulho. Você se assusta, dá um pulo. E percebe que em sua casa há um invasor.
Você, após respirar fundo e decidir enfrentar o medo, anda e pé ante pé, em silêncio, trêmulo, até a cozinha. Lá está alguém que você não reconhece. Você não sabe que o invasor é na verdade outro lado de sua própria personalidade.
O invasor é um pensamento que aparece sem ser chamado, depois de ter sido reprimido por muito tempo. O invasor é algo que você sente, pensa e percebe sem saber que pensa, sente e percebe. O invasor é o que Jung chamou, assertivamente, de invasões. É um conteúdo do inconsciente que emerge na consciência. Mas ele normalmente não está feliz; ele foi deixado ali no subsolo e foi você quem o prendeu. Vocês não são amigos.
Por isso é tão importante conhecer a própria mente, explorar a casa inteira e manter as portas destrancadas. Para não evitar o susto de ser frequentemente surpreendido e agredido por invasores do inconsciente. Esse é objetivo do curso de Escrita Terapêutica que desenvolvi: estabelecer uma comunicação com os conteúdos que aprisionamos no nosso andar de baixo e aprender a conhecer essa outra casa.
Em breve divulgarei mais informações sobre o curso!