[Contém (um pouco de) Spoilers]
Uma moça faz uma denúncia de estupro. Relata uma agressão tão grande, tão destrutiva, tão devastadora. E conta de novo e de novo. Pois não é suficiente dizer os detalhes logo após o ocorrido para o policial, para o investigador, para a médica que a atende. Ela é agredida várias vezes. Há o exame, o “kit estupro”; há a rememoração de evento traumático em detalhes; há o compartilhamento de questões íntimas e assustadoras com completos desconhecidos. E também a desconfiança e o questionamento da política, da autoridade. Até, por fim, ser desacreditada e julgada por todos que a rodeiam.
No episódio seguinte, outra moça denuncia um estupro. Mas aqui o cenário é bem diferente. Existe a compreensão e o acolhimento da investigadora e da equipe médica, que se preocupam em explicar os procedimentos. Isso significa que ficou fácil seguir em frente? Não mesmo! Mas o cuidado faz com que algo extremamente difícil não seja ainda pior. Esta é uma questão muito significativa em Inacreditável (2019), série recém indicada ao Emmy nas categorias Melhor minissérie, Melhor atriz coadjuvante para minissérie ou filme para a tv (Toni Collette) e Melhor roteiro em minissérie ou filme para a tv (Episódio 1).
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Acredito que a mesma questão possa ser aplicada à saúde mental. Já estive em diversos consultórios (psiquiatras, psicólogos, médicos) e não é uma experiência agradável, especialmente quando estamos muito fragilizados. Especialmente na primeira consulta. Especialmente quando o profissional parece não se importar com você. Especialmente quando parecem duvidar de você, do seu relato, da sua sanidade, da sua sinceridade.
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E vocês? Já passaram por uma situação em que a falta de acolhimento fez com que se sentissem mal? Assistiram à minissérie, gostaram? Vamos conversar nos comentários